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Tão simples que assusta.

 - Deixa eu entender... Você faz boquete, anal e o caralho a quatro, mas... Não beija?
 - Basicamente isso, baby.
 - Qual a lógica?
 - Você não é meu único cliente. 
 - E daí?
 - Não pega bem uma prostituta ter o rosto manchado de batom vermelho. Não fico tão bonita. E sou paga para ser bonita. 
 O senhor pagou os duzentos reais, fez o que tinha que fazer e ela ficou lá, esperando ele sair. Cansava ter que transar com velhos. Demoravam demais, ou iam muito rápido, broxavam e ela tinha que fingir que isso era normal. 
 Se arrumou, se vestiu e voltou para a rua, na frente do apartamento. Acendeu o cigarro. Engasgou ao tentar  tragar. Não gostava de cigarros, fediam, tinham um gosto estranho. Mas os fumava, eram sexy. Ela tinha que ser sexy. 
 Encostada na parede, olhava para baixo, tentando se lembrar de como chegou aquele ponto. Ela não usava drogas, tinha aonde ir. Mas lá estava ela, vivendo a vida como uma puta. 
 - Hey garotão, aonde vai? - Ela pergunta para um de seus clientes mais frequentes que passou. 
 - Ah... Oi Jade... Quanto tempo...
 - Veio me visitar? - E abriu aquele sorriso. Era por isso que Jade era famosa no bairro, ela era uma prostituta que sorria.
 - Na realidade... Não.  
 - Ah, vamos lá querido, te dou um desconto hoje. 
 - Pode ser... Mas terei que ser rápidos.
 - Relaxa amor. 
 E então começou tudo de novo. As mordidas no pescoço, os gemidos fingidos, os suspiros... E quando ele foi embora foi que ela se lembrou o porque ter virado o que era.
 "Mulheres fingem orgasmos todos os dias, prefiro então ser paga para isso" disse à si mesma enquanto retocava a maquiagem.  

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