Uma criança linda se agarrava ao cachorro de pelúcia como se sua vida dependesse disso. Todos os seus movimentos eram em torno daquele braço direito que imitava uma asa com o boneco dentro. Sua mãe seguia, segurando-a pela touquinha do moletom que vestia com a mesma naturalidade de quem é levado por um cachorro travesso que avista um ciclista passando. Claro que com muito mais cuidado. Vejo Laura se envolvendo com aquele momento, deixando que toda a subjetividade daquilo tudo, com suas mil e uma metáforas fosse absorvida, e eu fiquei lá esperando a frase de efeito que quebraria o silêncio. - É engraçado como cigarros são considerados vícios, mas essas obsessões infantis não. - Crianças lá podem discernir o que é vício ou não? - E uma garota de treze anos revoltada com a vida pode? É o mesmo tipo de critério completamente arbitrário que determina para quem a culpa vai durante um encontro, ou pior, abuso sexual. O tipo de dependência que aquele menino tem daquele cachorrinho é