"Vai me matar?"
- A resposta foi a bala estraçalhando o peito da garota. Ela sabia que ia morrer, muito antes de eu chegar. Entenda policial, não me orgulho de minha profissão. Não me orgulho de matar pessoas. Mas é o que eu faço. Matei treze pessoas nesse último mês (sim, confessarei todas), porém somente essa garota foi quem vocês correram atrás? Por quê? Porque ela é bonita e rica. Não rica, mas... Estuda em colégio particular, é o suficiente. Matei ela porque ela devia três mil reais para o meu chefe. Não sei com o quê. Cocaína e Heroína provavelmente. Se importa se eu fumar?
- Nem um pouco. Te acompanho.
Acendemos um cigarro cada um. Ofereci um meu para ele, não iria deixar ele fumar aquela porcaria Light que ele estava indo pegar.
- Desculpe, onde parei?
- Ela devia dinheiro para o seu chefe.
- Isso... Ahm, é. Ela devia dinheiro para ele, eu a matei, ele me pagou. Os pais dela me descobriram e aqui estou. Posso ir ao banheiro e dar meu telefonema?
- Pode sim.
Me levantei, fui para o banheiro da delegacia. Lugar repugnante. Limpo até, porém cinza. Odeio cinza. Não é preto, não é branco. É... Nada.
Peguei o orelhão e disquei os oito dígitos.
- Você está ferrado. - A voz do outro lado da linha disse.
- Você também.
- Por que faz isso? Porra, sempre confiei em você Edgar, e você me trai assim?
- Cansei dessa vida. Mereço melhor.
- Uma vida na prisão?
- Nós dois sabemos que me mato antes.
Ele fica em silêncio, ouço ele tragando os charutos dele e a prostituta gemendo no fundo. O filho da mãe nem podia parar uma foda para falar comigo. Um dos motivos que queria ele preso.
- E eu?
- Você? Vai para a Colômbia, se vira. Não me importo mais. E mande um beijo para a Laura aí, pergunta se ela ainda vai querer o pagamento.
Espero ele falar com a mulher.
- Ela diz que é um presente de despedida.
- Fala pra ela obrigado. Você é um cara de sorte por ter ela em cima de você.
- Eu que estou por cima. Sempre estou no topo.
- Claro que sim, claro que sim. Te encontro no inferno ok?
- Por quê? Também vai para a Colômbia?
Rio e desligo o telefone. Volto para a sala de interrogação. Me sento e repito a história para o promotor.
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