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regra de três

 Eram três garotas. A que chorava; a que o fazia escondido; e a que o não fazia.
 A primeira era solitária. Sempre sozinha no canto da sala, ouvindo música. Não tinha nada a esconder, sabia que ninguém iria ouvir. Chegava em casa, abraçava sua mãe, deitava no colo dela, e falava o que tinha o que falar. Sorria quando tudo aquilo acabava e ia para seu quarto. 
 A segunda, sempre sorria e ria. Era espontânea, liberal. Bonita, ou pelo menos se arrumava muito. Chegava em casa. Conversava com a mãe, ouvia as inúmeras críticas, dava de ombros, corria para o quarto, se trancava e chorava.
 A terceira, não era bonita. Não era feia. Ninguém sabia nada sobre ela, muito menos a autora aqui presente. Só sabiam que ela não era feliz. Mas a diferença dela para as outras três, era que ela não era triste. Sempre indiferente. Sempre lendo. Sempre lutando por algo que ninguém conhecia. Chegava em casa, brigava com ambos os pais, ia para o quarto e dormia. Era uma existência medíocre? Talvez, mas ela estava satisfeita.
 Quando ela dormia era quando as três garotas se encontravam, naquele universo paralelo e tóxico onde as três faces de uma mesma garota se fundiam e viravam a garota verdadeira. A primeira chorava, a segunda a reconfortava e a terceira segurava tudo. Naquele universo onde ninguém as via, ninguém sabia delas. Somente elas mesmas. E é claro, a pessoa que eram. 

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