Caminhava sozinho. Os pés já repletos de calos, as panturrilhas ardendo, suor gelado no rosto. Nariz branco, os olhos cansados de tanto forçar a vista pela máscara. Suas mãos doíam de tanto segurar os pinos. Viu uma base, estava à trinta metros de distância. Tomou fôlego, quase caindo, e então subiu. Cada enganchada precisava de um esforço infinito. Cada passo uma tortura. Sua garganta agoniava, seca. Chorava em um suspiro mudo. Quando menos percebeu, chegou em uma altura, onde ele podia descansar. Jogou-se na neve gelada, e se arrepiou com o frio. Armou o fogão e acendeu uma fogueira. Riu de alegria quando viu que conseguia sentir os dedos. Abriu uma lata, pegou uma barra de chocolate, armou a barraca e fechou os olhos. Quando os abriu, ouviu um rugido. Não era nenhum animal selvagem conhecido, não. Nem ursos nem tigres. Saiu da barraca, surpreso por estar quente, e viu então. No céu, as cores. Era azul, lindo e límpido. No chão, estava a grama. Chorou de alegria e alívio.