- Vai ir embora então? - A voz dela soluçava. - Sabe que tenho. - Não, não sei. - Pare de chorar, querida... - Não me chame assim! Você não sabe se estou chorando. Mas ele sabia. Não via o rosto dela. Mas sabia. Afinal, garota mais sentimental e manhosa nunca existiu. Deitou do lado dela e a abraçou. Ela o empurrou. - Por que você vai? - Você precisa que eu vá. Lembra? - Eu aguento. - Sabemos que você não é tão forte, não é? - Posso fingir... - É pedir demais de ambos. - Me avise se ficar com outra garota? - Por quê? - Já que to ruim. Posso ficar pior. - Pra quê? Ter motivos para se matar? - Talvez. Sabe, você não pode ir embora. - Por quê? - Simplesmente não pode. Não deixo. - Amor... Tenho que ir. - Vai voltar dessa vez? - Não sei. Realmente não sei. - É o quê? Dar uma de Freebird? - Não, acho que a música tema para agora é aquela do Raul. - Metamorfose? - Não, a sobre a esposa... - Então sou eu o problema? - Nós somos. Juntos