- Curitiba é uma cidade linda não é? - Disse o primeiro rapaz, para o seu primo.
- Concordo contigo.
- Prefiro ela de dia.
- Por quê?
- De noite, é escura. Você não vê as pessoas, os lugares nem nada. É só silêncio.
- É por isso que prefiro de noite.
- Ué? Não acha nossa cidade bonita?
- Demais, porém como todo curitibano. Odeio pessoas.
- Me odeia então?
- Não chega a ser ódio, mas te tolero.
Ambos riem.
- Vem, te pago uma cerveja.
- Prefiro uma prostituta.
- Que seja.
Andam pelo Largo, cada um com seu cigarro. Tragadas lentas e baforadas poluentes. O primeiro rapaz esconde um sorriso maroto, daqueles amarelos. Sem motivo, só se sentia bem. O segundo andava com a cabeça largada e ombros relaxados, rezando para que um articulado os atropelasse.
- Mudei de ideia, vamos para o bar.
E foram. Passaram a noite bebendo em silêncio quase, na hora de pagar a conta, o primeiro pagou tudo, o segundo deu de ombros e abriu a segunda caixa de cigarros do dia.
- Vai acabar te matar, fumar nessa quantidade.
- Querido. - Disse o outro, já alcoolizado. - Sou que nem Constatine. Morrerei com o diabo segurando minha mão.
Então o primeiro sorriu, segurou a mão do amigo, como um sinal de despedida. Então acertou-o no peito com a faca que carregava no bolso. Deu de ombros, e contratou uma prostituta.
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