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Mostrando postagens de agosto, 2012

Doce Satine

 A chuva caia nos seus ombros. Marisa olhou para cima e acendeu o cigarro. Abriu a jaqueta e arrumou os seios no decote. A periferia estava muito tranquila naquela noite. Em questão de minutos os magnatas chegariam e começariam a procurar por seus serviços. Mordeu os lábios e deu de ombros. Se orgulhava de ser a mais requisitada da região. Um Honda Accord parou na sua frente. Ela sorriu, ajeitou os cabelos lisos e loiros e se aproximou do carro.  - Olá Marisa, quanto tempo.  - Eu que o diga, senhor deputado. Como vai a sua esposa? Continua dormindo com o faxineiro?  - Sempre que pode. Senti a sua falta, querida.  - Querida?! Carlos, você me paga para te dar calor e conforto, não carinho.  - O carinho vem de graça.  Ela olhou para baixo e respirou fundo. Não podia se permitir a se apaixonar por aquele homem.  - O preço aumentou. São setecentos e cinquenta agora.  - Ainda acho que você cobra pouco por tudo que me oferece, querida.  - Pena que você não é o único cliente.  - Entr

Amigos até o fim.

 - Estamos mortos.  Mariana sabia da verdade. Respirou fundo e começou a chorar silenciosamente. As lágrimas borravam o seu rosto sujo e impregnado de lama. Ela olhava para seus companheiros, sentindo uma inveja absoluta. Ela sabia que eles 5 iriam morrer, porém seus 4 amigos, teriam uma morte mais tranquila. Essa era a maior desvantagem de ser uma mulher, era mais difícil de ser pega. Mas uma vez que o era, estava perdida.  - Sim.  - Vou ser estuprada.  - Sim.  - E vocês irão assistir isso.  - Sim.  - Quer me matar agora?  - Sim.  E em questão de segundos ela fora asfixiada. E a vida abandonou o seu corpo.

Esquerdista nível ano 2012

 - Qual a sua opinião sobre a privatização? - Pergunta a jovem jornalista. Bonita ela. Cabelos longos, castanho-avermelhados. Pernas firmes, rosto com traços finos... Ela ficaria muito bem em sua cama.  - Privatização é um ato necessário. Assim como a influência das empresas privadas no estado. Por mais que isso doa, é uma verdade.  - Isso dito do homem que há trinta anos era reconhecido como um dos maiores líderes esquerdistas do país. Entendo... Bem, o quê lhe fez mudar tanto de ideia?  Ele respira fundo quando ela se inclina para pegar um copo de água. O decote é discreto, mas o suficiente para deixar o seu colo à mostra.  - Tem uma frase minha que eu gostaria de aplicar nessa situação. "O homem e seus ideais são moldados de acordo com a época que vivem."  - Tem uma outra que eu gostaria de citar, se o senhor me permite.  - É a sua entrevista, Rosângela.  - "No momento em que o homem se esquece de seus ideais, pode-se dizer que ele está ou louco, ou perdido ou 

Incoeso e incoerente

 - Você chora?  - Gosto de falar que não.  - Você chora.  - Talvez.  - Gosta de chorar?  - Eu nem se quer falei se choro ou não. Como pode fazer uma pergunta tão subjuntiva e irregular?  - Você sabe o que subjuntiva significa?  - O suficiente para poder usar numa frase.  - Por que você chora?  - Esqueceu da outra pergunta?  - Não, só que... Ela é irrelevante.  - Não.  - Não o que?  - Não gosto de chorar.  - E?  - É por isso que não o faço.

Seu perfume em meu cabelo

 - Ok, me responde de uma vez por todas. O quê você gosta em mim?  - Mais uma vez essa pergunta?  - Você ainda não respondeu.  - ...  - Vai responder?  - Não sei como.  - Ok então. Pense.  - Você ta me zoando né?  - Não.  - Você quer que eu comece a cantar Roberto Carlos? Meu Deus, pare de ser insegura. Eu te amo e lide com esse fato.  - Como sabe que é amor?  - Porque eu sei que não consigo explicar. E também porque bem... Eu não quero que você vá embora. Ah, sei lá, te quero por perto. Essas coisas. E você? Como sabe que é amor?  - Eu não sei.  - O quê ta fazendo comigo então?  - Torcendo para você me provar que é.  - E se eu não conseguir?  - Continuarei te amando mesmo assim.  - Ainda tem coragem de me chamar de piegas?  - Sempre terei.

Título da Postagem

 - Quando você vai começar a me contar as coisas?  - Eu já lhe disse muitas.  - Eu não quero saber quem foi o seu primeiro namorado, ou com quantos anos você tinha quando deu o seu primeiro beijo. Claro que irei ouvir tudo o que você tem a dizer, mas preciso saber os seus problemas. Quero te ajudar, é pra isso que estou aqui.  - Quem disse que eu tenho problemas?  - Se você não tivesse, não teria vindo à um psicólogo.

Roxanne

 - Com tanta banda melhor, você realmente quer fazer cover de The Police?  - Só de uma música mesmo que quero fazer...  - Aquela da prostituta não é? Por que?  - Me lembra a você.

Injustiça

 - Ok, o nosso relacionamento é muito mais que injusto.  - Como isso?  - Eu perdi e tenho o risco de perder muito mais que você.  - Como o que?  - Minha virgindade, confiança em mim mesma, orgulho, coragem, indiferença. Força.  - Ah, relaxa, eu posso perder muito mais, não se sinta num descompasso, querida.  - Então me diga, o que você pode perder, querido.  Como resposta ele somente beijou ela, foi com certeza o beijo mais apaixonante que ele já deu nela. Porém seu pensamento respondeu a pergunta com uma única palavra.  "Liberdade".

Passado regado a vinho

 Ele pega a minha jaqueta e me puxa a cadeira para eu sentar.  - Muito obrigada. - Lhe digo sorrindo. - Um perfeito cavalheiro. Mudou muito.  - Tentei evoluir - Ele sorri.  Somente sorrio para ele em resposta.  Pedimos uma garrafa de Chadwik e conversamos aleatoriamente por quase trinta minutos, até que nossos pratos chegam.  - Então, o que você me conta de bom? - Pergunto, me servindo de salada.  - Larguei as drogas.  - Bom... - Murmuro.  - E o tráfico.  - Finalmente colocou senso em sua cabeça?  - Sim, mas e você?  Reteso meus pulsos, como instinto.  - Precisa mais do que um vinho caro para me fazer falar de meus problemas. - Respondo, sorrindo e tomando mais um gole.  - Talvez água sanitária faça mais o seu estilo...  Olho para baixo, evitando o olhar dele.  - Manu... Você disse que tinha parado...  - Olha só, não espero que você entenda o porque...  - Então me faça entender! - Ele altera o tom de sua voz.  Sorrio, mexo no cabelo e mordo o lábio.  - Se eu o fizess

Ode à Charlie Sheen

 - Posso ir então?  - Se quiser...  Depois que digo isso, ela vira de costas e sai pela porta. Começo a arrumar a bagunça. Ligo o aparelho de som e começo a ouvir Metallica. O solo de One não foi o suficiente para me distrair.   Me largo no sofá e tomo um gole de uísque. Me encaro no reflexo da televisão e sorrio. Meu tronco estava arranhado, marcas de mordidas em meu pescoço. Meus pensamentos são interrompidos quando meu celular toca.  - Bernado?   - Sim... - Respondo, virando o copo.  - Sou eu querido, estou indo para casa já.   - Já?! - Me levanto num pulo e procuro pela minha aliança.  - Sim... Na realidade já cheguei, mas dei uma volta enquanto esperava a sua amiguinha ir embora.  - Querida... Desculpa, eu falei que iria parar de trazer garotas sem te avisar, mas...  - Tudo bem amor - Ela caçoa de mim - Também passei a noite com outro, então relaxa. Vai querer o que para comer?  Pela primeira vez na vida, senti ciúmes.  - Como assim, passou a noite com outro

A triste realidade

 Vejo-o sangrando. A bala está em algum lugar perdida em seu pulmão. Olho para o sangue em minhas mãos e engulo as lágrimas. Não podia chorar agora. Não estava tudo perdido. Pelo menos é o que ele deveria pensar.  - Hey, gatinha, vou ficar bem. - Ele diz sorrindo.  Como resposta, o encaro, cínica.  - Sério, vai passar.  - Talvez para você. Não para mim.  - Sh... Você sabe o tanto que eu amo monólogos a beira da morte. Então, deixe-me ter o meu.  Ele sabia que tava morrendo. Não havia muito o que eu podia fazer.   - Lindo isso, não é? Eu sempre esperei que morreria nos braços de minha mãe. Mas não... Estou nos seus... Vale a pena decepcionar a velha por sua causa. - Ele tosse - Olha só... Kate... Desculpa por tudo o que eu fiz, ok? Pela sua irmã e tudo... É só que... fico feliz que a minha última visão seja você.  - Eu sou a Jenny.  E ele morre.  Acordo num pulo e olho para o lado. Fico surpresa que ele ainda esteja aqui. Me aninho ao lado dele e vejo que ele acordou.  - Tive

Escambo

 - O quê você já fez por mim?  - Algumas coisas...  - Bem, eu briguei com a minha família, terminei com a única garota de quem gostei, me machuquei. Me envolvi, me ferrei bonito. E você?  - Eu chorei.

Machucados

 Abro uma caixa de bombons e sento no chão. Olho para o salão, tudo vazio, todos foram embora. Pego o celular e leio as suas mensagens. Penso no que lhe fiz e abraço os joelhos. Ligo para você, não antes de beber uma garrafa de pinga.  - Alô?  - Oi...  - Você sabe que são três da manhã?  - Mm-hm  - Tô no ônibus ainda...  - Desculpa.  - Por qual parte? Me tratar como lixo? Ficar com outro na minha frente? Me fazer pegar quatro ônibus só para me fuder? Ou ainda nem se quer ter tido a decência de me falar que tinha outro?  - Por ter pisado no seu pé quando te cumprimentei...  - Ah, claro porque esse foi o pior que você fez comigo.  - Volta pra cá.  - Tô quase em casa já...  - Por favor?  - Não querida, dessa vez não.  Desligo o celular, termino a garrafa e começo a chorar.

amor e álcool

 - Então você me ama? - Ela perguntou, sorrindo.  - Quando eu disse isso?  - Há umas semanas, lembra? Pelo telefone...  - Ah... Aquilo foi depois de meia garrafa de vinho.  - Então beba uma inteira?  - Por quê?  - Quero ouvir de novo.  - Minha cara, eu disse que amava o meu primo naquele dia.  - Mentiu?  - Não, mas eu achei que o cachorro era o meu primo.

Café de estrada

 - Pra onde vai senhora?  - Tenho cara de senhora para você? - Ela perguntou, dura.  Maurício encarou aquela bela garota que se encontrava em sua frente. Bermuda jeans, regata vermelha, um casaco de moletom aberto. Cabelos loiros curtos e desgrenhados, um par de olheiras se formava por debaixo de seus olhos. Não tinha mais que vinte anos.  - Só tentei ser educado, perdão se a ofendi. - Ele respondeu, murchando a barriga de chopp e tentando arrumar os cabelos.  - O quê um caminhoneiro sabe sobre educação? Se tivesse alguma que preste, teria escolhido um outro emprego.  Maurício calou a boca e se sentou no banco, e pediu um café com leite e um misto-quente, porém continuou encarando discretamente aquela moça. Corpo curvilíneo, mãos delicadas... É... O quê ela estava fazendo lá?  Ele sabia que não era o único a analisar a bela moça, muitos outros o faziam. Escancaradamente. Um mais que todos, um tipo mal-encarado. Sujo, suado, devia estar na estrada desde Minas, pelo chaveiro em sua

Crônicas Anônimas Parte 3

 O aposento era todo branco. Alguns vasos de flores e uma estante com livros eram o que decoravam o quarto. Ela finalmente teve permissão para sair do quarto. O hospital era espaçoso e grande, mais parecia um spa do que uma casa de reabilitação.  - Gostaria de poder ter um violão, por favor. - Pediu à enfermeira.  - Nós temos um, mas está desafinado. Tudo bem?  - Pode deixar que eu afino.  Começou a tocar alguns acordes aleatoriamente, e quando prestou atenção estava tocando "Here Comes The Sun" dos Beatles. Aquela música se encaixava ao que estava sentindo. Foi horrível o período de desintoxicação, seu corpo ardia, sua mente agoniava. Parecia que as suas veias estavam se contraindo involuntariamente. Não conseguia respirar. Não conseguia dormir. Desejava morrer. Foram os piores dias de sua vida. Nem sabia quanto tempo havia passado naquele quarto. Mas era passado. Agora, ela era uma nova garota.  Se levantou e foi usar o banheiro. Quando saiu da cabine, ela sorriu, pois

Desafios

 Ela estava de pé, em cima da beirada da ponte. Era uma queda livre de 100 metros. Se o impacto não a matasse, com certeza morreria durante a queda. Torcia para que a segunda possibilidade acontecesse.   - Você não pode dar um show sem uma platéia não é? - Um rapaz disse.   - Se eu fosse dar um show, cobraria entrada.   - Hahahaha. Boa essa, acho que não tinha ouvido. Por que você quer morrer, jovem?   - Jovem? Provavelmente sou mais velha que você.  - Mas é jovem o suficiente para morrer. Responda a pergunta.  - Por que deveria te ouvir? - Ela avaliou suas roupas de marca e caras. - Só porque é um playboy, filho de pais ricos e mimado acha que manda em mim?   - E você, só porque é uma espécie de renegada, neo-hippie, aventureira e perigosa, acha que pode ser grossa e sacana comigo sem nenhum motivo? Sente aí e converse comigo por algum tempo. Você não está perdendo nada não é? Ou há algo após a vida que você deveria fazer?   Ela mostrou o dedo do meio para ele e pulou.

A maior puta

 - Ela é uma puta não é?  - A maior de todas.  - Você terminou ou ela?  - O que você acha? Se tivesse sido eu realmente acha que eu estaria aqui nesse bar, conversando contigo?  - Justo. Vai querer beber o quê? Minha conta.  - Vodca com limão e gelo.  - Ok então.  - Fez um sinal para o garçom vir - Por favor, Vodca com limão e gelo e um Martíni para mim.  O atendente se retirou em silêncio, só observando a cena; o dono do bar conversando com o ex-namorado  de Maria. Por que isso? Deu de ombros e serviu as bebidas deles.  - Pretende terminar com ela?  - Não.  - Então, por que me chamou pra cá?  - Queria saber como ela era quando vocês estavam juntos.  - Fogo na cama.  - Isso eu sei...  - Muito Flexível...  - Sim...  - Melhor boquete que já recebi...  - OK! ENTENDI!  - Porra, o que você quer saber então?  - Ela te traia?  - E eu à ela.  - Você realmente traia ela também?  - Eu falava pra ela que sim. Era o suficiente. E você? Trai ela?  - Teve uma prostituta um dia

Ressaca

Acordo e esfrego os olhos. Tento abri-los, mas não dá, a luz é ofuscante. Ouço passarinhos cantando ao fundo, que mais parecem unhas de aço contra o quadro negro. Ah, maldita ressaca. Coloco uma bermuda e desço as escadas. Tomo 3 aspirinas e duas xícaras de café. Procuro pelos meus cigarros, acendo um e me olho no reflexo do forno. Uma tatuagem nova em minhas costas. Uma caveira com o nome "Luanne" entre os dentes. Pelo menos essa tatuagem tinha sido de bom gosto. Encho mais uma xícara e me deito na cama, sentindo a falta dela de novo. Ela tinha acabado de sair, já que acordei com ela saindo. Não resisto pego o telefone e disco o seu número. Cai na caixa de mensagem.  - Volta pra cá. Não quero que você vá embora de novo. Pega suas coisas amanhã e se mude pra cá ok? Não quero que você veja os outros. Assim como eu sei que você quer que eu pare de ver outras garotas. Mas... Não vá embora de novo.  - Eu não vou, só fui pegar algumas coisas e comprar pão. - Ela disse, sorrindo,

Simples divagação

Viro as costas para você e ando alguns passos. Olho para trás e te vejo dançando com a música em seus fones de ouvido. Seu cabelo esvoaçando... Você balançando os quadris... Tão infantil, angelical... Inocente. Porém as marcas em meu pescoço me lembram do contrário. Rio e acendo um cigarro quando você sai de vista. Dou uma tragada e suspiro, desejando tê-la de novo.

Rosa Negra

Andei um pouco até encontrá-la. Olhei para trás, o caminho estava deserto. Levava nada além de minha carteira, um isqueiro e uma rosa vermelha. Encarei-a e sorri.  - Nos encontramos de novo, não é querida? Depois de tanto tempo... Não precisa responder ouviu? Só, me ouça. Essa será a última vez que nos veremos.  Levei um segundo para continuar a falar. As saudades já começaram a bater, os lábios dela, o toque dela, seus cabelos, que cada semana estavam de uma cor diferente. Respirei fundo e engoli em seco, as saudades teriam espaço depois.  - Sabe com quem eu falei? Com o Heitor, sim, aquele Heitor. Aquele com quem você me traiu, pois é, acontece que... Ah é... Você me traiu... Acontece né, realmente. Porém, o foda, minha querida, não é você ter me traído - respirei fundo antes de continuar, senti lágrimas caindo de meus olhos. Me senti horrível, pela primeira vez na vida. - Foi eu ter te traído antes... Não importa mais né? Digo, agora que você me deixou não é?  Caí de joelhos, so

Kiss of blood 2

Lorrane e Marie Anne haviam sido criadas pelo mesmo, seu nome era Ludwig, ele mesmo havia se batizado assim, em homenagem a Beethoven. Ela sempre sorria quando ela se lembrava do por que desse nome, ele havia dito “Beethoven criou coisas e obras magníficas, simplesmente perfeitas” e dois minutos depois, quando ela ficou consciente de novo, ela havia se transformado numa nova criatura. Era mais forte; mais pálida; mais bela; mais sábia; e mais temível. Ludwig nunca lhe revelara seu nome verdadeiro, mas também não importava. Para ela, não importa o que ele fizesse, sempre seria Ludwig, seu criador, e também seu objeto de desejo. Ronald, seu companheiro, não era Ludwig. Ele era somente... Um amigo... Que sabia tudo sobre ela, principalmente sobre seu criador, claro, eles transavam. Com muita frequência, porém com Ronald ela sentia a necessidade de outros, somente por estar perto de Ludwig, ela sentia-se patética. Era muito automático sorrir ao pensar nele. - Você demorou sabia? – Disse

Só mais um jogo

 - Sentiu saudades? - Ela perguntou, sentando na minha frente e cruzando as suas pernas.  - Na realidade? Não... Realmente não. - Respondi dando de ombros.  Ela sorriu e me deu aquele olhar que eu já tanto conhecia. Seus olhos pareciam brasa, e a sua expressão dizia o que os seus lábios não o fazia. "É mentira", seu sorriso desdenhoso dizia para mim. Eu, contudo somente dei de ombros mais uma vez e comi alguns amendoins, virando o olhar. Queria beijá-la, tê-la em meus braços, tê-la para mim. Porém eu não poderia deixar ela saber que eu perdi o jogo. Eu não poderia deixar ela saber que... O poder dela sobre mim, era maior que o meu mesmo.

Persuasão

Começo a digitar os números no telefone. Respiro fundo e tomo mais um gole de conhaque. "Não faça isso" uma voz em minha cabeça diz, quase me dando uma bronca. Porém, a cada gole, ela fica mais calma, mais suave... Até que vira somente um sussurro. Termino a garrafa e acabo ligando para você, pois, nenhuma voz é alta o suficiente para discutir com um bêbado.

Desejos carnais

 - Me diga o que você quer. - Ele disse enquanto acariciava seus ombros.  - Não é o tipo de coisa que se pede assim... - Ela respondeu, manhosa. Praticamente ronronando em seu peito.  - Diga... - Ele praticamente exigia enquanto mordia e beijava seu pescoço. Suas mãos já percorriam as formas dela, esquecendo qualquer espécie de pudor. Ele a puxava mais pra perto, desejando-a mais que nunca; já haviam adiado aquele momento demais; virou-a para si e beijou aqueles lábios vermelhos com tanto fervor que acabou tirando o batom deles, enquanto sorrateiramente retirou o punhal de seu cinto.  - Eu quero você. - Ela suspirava, enquanto deitava na cama.  - Então, tire sua blusa.  Ela o fez.  - A calça também.  Ela riu de leve, mordendo o lábio. Mas o fez.  Tirou um segundo para apreciá-la. Pele morena... Lábios carnudos... Cabelos Castanhos... Ela faria falta.  Ele nem precisou dizer nada, os belos olhos verdes de Rosanne já estavam fechados.  - Querida... - Ele sussurrou, debruçando-s

Kiss of Blood

Marie Anne abriu os olhos, ainda sonolenta. Tinha tido um ótimo sono, mas não se sentia descansada. Já estava acostumada com aquele sentimento. Abriu o seu caixão e ligou seu rádio.  Ficou alguns momentos em silêncio, apreciando as mais belas palavras de Manson: “Some of them want to use you Some of them wanna get used by you Some of them want to abuse you Some of them want to be abused” Tirou a sua camisola e se vestiu, mantendo em mente que teria o aniversário de Lorrane naquela noite.  Sorriu imaginando como seria a reunião, provavelmente seria uma orgia com alguns humanos; seu corpo se arrepiou com a cena; vários garotos e garotas humanos nus, lindos, lhes proporcionando prazer, e no final da noite, ela e o resto dos convidados matariam e beberiam o sangue de tais seres.  Mordeu os lábios e contraiu as pernas imaginando a cena, nem se lembrava da última vez em que pudera tomar sangue de qualidade, e sempre soube que Lorrane tinha um gosto extremamente refinado. Vestiu um v

Café de Madrugada

Já passou da uma, coloco meu pijama, desligo o console e começo a fazer o café. Aproveito que meus pais estão viajando e meu irmão dormindo e ligo o rádio. Começa a tocar Evanescence. Olho pela janela da cozinha e admiro o céu negro. Adoço o café com adoçante a lambo os dedos, sorrio com o sabor. Tomo um copo. Encho o segundo e subo as escadas. Não antes de apagar a luz. Essa com certeza é a maior adrenalina da minha madrugada. Subir até o meu quarto, no escuro, com café quente na mão. Rio, lembrando da mesma sensação que tinha quando pequena, quando não podia pisar nos paralelepípedos escuros da calçada. Entrei no meu quarto, fechei a porta e comecei a bebericar o café, sorrindo. Não queria dormir naquela noite. Não sei o que eu faria, re-leria alguma coisa... Assistiria alguma série... Iria tentar me distrair no começo, mas sei que acabaria cedendo e terminaria as quatro da madrugada pensando em você. E sorrindo, provavelmente. Sento na cama e abraço o travesseiro, lembrando de tudo