Pular para o conteúdo principal

Postagens

Mostrando postagens de 2018

A nostalgia do que não li

 Uma criança linda se agarrava ao cachorro de pelúcia como se sua vida dependesse disso. Todos os seus movimentos eram em torno daquele braço direito que imitava uma asa com o boneco dentro. Sua mãe seguia, segurando-a pela touquinha do moletom que vestia com a mesma naturalidade de quem é levado por um cachorro travesso que avista um ciclista passando. Claro que com muito mais cuidado. Vejo Laura se envolvendo com aquele momento, deixando que toda a subjetividade daquilo tudo, com suas mil e uma metáforas fosse absorvida, e eu fiquei lá esperando a frase de efeito que quebraria o silêncio.  - É engraçado como cigarros são considerados vícios, mas essas obsessões infantis não.  - Crianças lá podem discernir o que é vício ou não?  - E uma garota de treze anos revoltada com a vida pode? É o mesmo tipo de critério completamente arbitrário que determina para quem a culpa vai durante um encontro, ou pior, abuso sexual. O tipo de dependência que aquele menino tem daquele cachorrinho é

Porque vamos terminar a garrafa - Vinagre

Nos momentos em que o Sol escondido nas nuvens parece a Lua, e que a Lua durante a noite ofusca a visão como um corpo celeste de brilho próprio é que nos vemos como contempladores. Os aviões no céu brincando com a noção de perspectiva do movimento terrestre, e todos os sentimentos que se tem a necessidade de expressar e que a habilidade nos falta. A habilidade de parar e apreciar. Não foi até eu perceber que em plenas férias estava correndo que percebi que tinha um problema. Enquanto teoricamente aproveitava o sol e um bom café no terraço, dava cada tragada com força e pressa. Não eram a pressa e angústia de quem queria sorvar o máximo do momento, como as pessoas gulosas pela vida. Era somente a ansiedade de quem tinha algo para fazer. Uma viagem para planejar, pessoas para conhecer, amigos para consolar. Todos os verbos no infinito possíveis, como que se estivessem indicando algo relacionado ao futuro.  Foi um esforço consciente ter que me permitir aproveitar as sensações daqueles