- Sabe, você não devia tomar tanto disso. Vai passar mal. - A garota disse, preocupada.
- Tô com dor de cabeça. - Ele respondeu, dando de ombros.
- Sei, mas acho que a dose recomendada é a metade do que você toma.
E da mesma maneira ele toma os três comprimidos.
A garota olha para o lado e se abraça. Os mesmo pensamentos na cabeça. "Será que é só remédio?" "Será que ele continua bebendo?" "Será que ele usa algo mais?". Engole a lágrima e sorri com o canto da boca quando ele coloca os braços em volta dela.
- Eu sei me cuidar, ok amor? Você sabe que eu to bem. - Ele beija a orelha dela, daquele jeito que ela sabe.
"Não, não sei." Ela queria dizer, porém somente fechou os olhos e segurou os braços dele.
Passaram o dia conversando e rindo, então foram para a casa dele. A noite passou rápida e feliz, pelo menos foi assim que ela se sentiu.
Ele dormia, sereno e calmo. Ela ficou a avaliar as costas dele e seus braços. Notou algumas cicatrizes, mas achou que eram marcas das tatuagens. Tinha uma no braço, que era um espinho, cheio de rosas, que subia até o seu ombro e transformava-se em uma fênix. Passou os dedos de leve pelas linhas. Estranhou a textura dos braços. Deu de ombros. Sem sono, começou a revirar as gavetas dele. Sabia que iria se arrepender.
E se arrependeu. Achou então, seringas, pacotinhos de pó branco, isqueiros, colheres, recipientes pequenos.
A garota nem chorou nem nada. Surpreendeu-se com a própria reação. Colocou uma colher para ferver. Inseriu a seringa no líquido e injetou-se. Deitou-se e ficou assim até amanhecer, que foi quando o efeito da droga começou a passar. Pegou todas as coisas do criado mudo e foi-se. Trancou-o no apartamento e saiu a andar. Jurou para si mesma que lhe daria comida todos os dias. Ele iria ficar melhor.
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