Ainda usa saia rodada, algumas décadas atrasada mas lá está. Deitada em meu ombro e quase amortecendo meu braço. Uma voz melosa, até demais suspira meu nome apaixonada. Tem dezoito anos só na carteira de identidade. Se estica e tenta roubar um beijo. E de novo. E de novo. Eu deixo, afinal, pra isso estou aqui certo? Coloco meu braço em volta quase que mecanicamente e respiro fundo. O suficiente para ela se aconchegar e cair no sono. E há algo de lindo nela quieta. Posso ficar sozinho. Do lado dela, uma sensação gostosa até; cabelos perfumados, face serena e meus pensamentos quietos. Pena que ela teria que acordar.