Tragando o cigarro da noite passada ela liga o rádio e pula ao som de bandas que não ouvia fazia tempo. Se maquiou, colocou shorts de couro, bota de cano e uma camisa cujo comprimento chegava às coxas. Abriu a garrafa de vinho que havia guardado para comemorar o seu aniversário, e ligou para algumas pessoas. Chamou ninguém para ir até sua casa, mas quem perguntasse ela responderia que estava em festa. Quase um litro de uvas fermentadas depois, finalmente estava tonta. Pronta para sair de casa.
Comprou um maço de cigarro de palha para experimentar, conseguiu desconto cantando o atendente e caminhava pela praça do cavalo babão como se fosse para uma boate no Brooklyn. Colocando uma peruca no cabelo, e tirando a camisa entrou no salão e começou a trabalhar. Algumas gorjetas na calcinha, outras no salto do sapato. Até LSD ganhou naquela noite. Cabelos encaracolados saíram por baixo dos loiros de plástico em algum momento, e ela teve sua identidade de volta. Aquele pequeno detalhe fez com que seu tio a reconhecesse e a chamasse para um canto. Depois de meia hora ela o convenceu a manter segredo. Teve que usar a droga pra conseguir fazer aquilo. Ele a deixou em casa.
Segurava a xícara de café encolhida na cama. Não conseguiu ver o nascer do sol. Esperou até o dia seguinte e pegou no sono. E no próximo dia teve que trabalhar. Era garçonete no café da universidade. Não estudava, mas estava lá. Era a garota bonita cantada pelos estudantes de engenharia e a confidente das moças de administração. Tinha um caso com um professor, casado porém ainda bonito.
No dia seguinte ela terminou de ler a odisseia, e achou que os heróis eram fracos.
Comentários
Postar um comentário