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 A chuva disfarçou as lágrimas do rosto dela. O cabelo encharcado e a roupa colada, o frio já preenchia algumas partes do corpo, principalmente a garganta que estava seca e com um nó. Insuportável praticamente. E cada vez ficava pior, fechava os olhos para tentar fugir de tudo aquilo; a maneira que doía cada vez mais, em como ele olhava pra ela com desprezo até deixá-la sozinha em tudo. Sozinha na rua. Sozinha na sina.
 Se arrastou até a cama, pensando em que não deveria tomar um banho, deveria ir à um hospital ou a polícia, mas não aguentava; foi pro banho e se lavou. As gotas do chuveiro tinham o mesmo som que as da chuva; a dor ainda estava lá e o barulho. As pancadas. Nada nunca sumia. Ela devia ligar para o namorado, alguém, sair do banheiro, fazer algo. Mas não conseguia.
 Sumiu da vida até que o trauma passasse. Nunca foi.

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