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Coração partido não se cura com aspirina

 No sofá na sala empoeirada rodeada de pessoas se abraçava na garrafa, julgava que só nela podia confiar. Triste o fato que estava certa. Camuflada já na paisagem do bar, poderia estar nua que ninguém a veria. Só ela e o taberneiro. Bebia uísque. Nunca gostou de uísque, nunca entendeu o porquê daquele negócio com cor de âmbar e gosto de inferno, só bebia bebida com gosto de doce. Mas não dessa vez, coração partido se cura com bebida forte e ressaca. Ou piora, não faz muita diferença.
 Um olhar de pena de uma garota que não ficava perto para não incomodar, misericórdia da garrafa de Domecq e raiva de si mesma. Uma madrugada naquele lugar, tão detonada que estava que ninguém nem se quer chegou perto. Seis da manhã sai do bar e encontra ele (por "ele" definimos o homem/garoto que é a causa de tudo).
 - O quê você está fazendo? - Bravo, surpreendentemente.
 - Indo pra casa.
 - O quê você andou bebendo?
 - Uísque! Orgulhoso de mim?
 - Você é idiota.
 E ela vomita, na parede verde externa durante o que deveria ser um amanhecer que o clima da cidade não nos deixa ver. Sentou do lado do vômito, chorando. Finalmente conseguiu chorar alguma coisa, lágrimas engasgadas, entupidas, sendo empurradas para fora com uma agonia que doía.
 Com um abraço culpado, ele a envolve e a carrega para casa, no carro uma música toca, uma baladinha qualquer com três acordes, uma batida e a música gostosa. Ninguém reconhece a voz de Paul McCartney.

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