Pular para o conteúdo principal

Como diria Jorge Maravilha

 Vestiu a blusa decotada e colorida, uma rasteira bonita, prendeu os cabelos e se foi. Cantava o sambinha e dançava o pagode, a morena se divertia. Jogava a cabeça pra trás e rebolava com as amigas. Sempre dando risada, mas quando parava de rir não sorria.
 Passaram no boteco depois, onde dois violões improvisavam, ofereceram uma serenata para as moças que somente ignoraram. Duas tinham namorado, e a outra olhava pela janela apaixonada, segurava o celular pensando que talvez desse tempo pra ele ligar pra ela, mas era carnaval. Então só olhou as estrelas mais um pouco e voltou pra casa.
 Mais amigos acompanharam, beberam cerveja e cachaça, ela dançava descoordenada, achando graça da vida. Dorme no sofá e acorda antes das oito da manhã, faz o café e come rocambole, com o celular ainda na mão. Segunda de carnaval, tem mais dois churrascos para ir. Nada na piscina, faz a maionese e samba de biquíni. Consegue descansar na rede e acorda revigorada. Terça-feira inteira no carro para voltar pra sua terra natal adorada.
 Chega em casa e liga pra ele, mas não falou que era saudades. Contou da vida, dos rapazes que não beijou e da família, esperou ele convidar pra vê-la no dia seguinte.
 Se viram na quarta-feira. Ele sorria o mesmo sorriso tranquilo e ela mordia a boca da mesma maneira nervosa. Ainda tinha vontade de dançar, mas dessa vez podia ser uma valsa com ele mesmo. 

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Porque vamos terminar a garrafa - Pillow Talk.

 - E se terminarmos? Você sabe que tem chance, uns oitenta e oito por cento, eu diria. Digo, eu provavelmente não sou o grande amor da sua vida.  - Então porque estamos juntos? Se tem tanta chance de terminarmos.  - Porque, nesse momento, agora, você é o amor da minha vida. Prefiro viver o presente, não gosto de "e se".

A rosa desabrochada

Apesar de tudo. De todas as mudanças de todos os sutiãs queimados; as mulheres permanecem com a mesma função. Manter um lar. Sorrir quando tudo estiver caindo, engolir as lágrimas e sorrir. Oferecer os ombros para carregar o peso que os homens em toda sua masculinidade e orgulho, se recusam a admitir que não agüentam. Será assim até o fim dos tempos. Os homens lutarão, se armarão, porém as mulheres os manterão. Mesmo que não os homens, mesmo que amem outro, elas continuarão lá. Com ou sem roupas intimas.