Se ela fosse bela ou alguma coisa que não ordinária, outra pessoa além de mim já teria falado sobre. Ainda era escuro quando acordou e continuava escuro quando saiu de casa, somente quando chegou no ponto de ônibus que clareou um pouco, mas Curitiba estava opaca com a neblina.
- Neblina é bom. - disse para si mesma - significa que o sol vai sair.
Era uma noticia boa, levando em conta que ela vestia saia e sandálias. Por mais que vestisse roupas compridas e leves, ela ainda morria de pudor. Atos que ao meio dia ela faria normalmente ao começo da manha viravam tabus. Levantar a saia para subir as escadas ou atravessar um gramado ou até mesmo jogar os cabelos para os lados na função de que sequem mais rápido, porém nos momentos em que a Mateus Leme esta deserta e Curitiba esta tétrica, o medo brota.
Maldito machismo!
Ela andava num ritmo tranquilo, por mais que seus ombros estivessem tesos e sua boca seca. Nao é dificil adivinhar que ela estava apaixonada, por um garoto otimo por sinal. Educado, olhos claros, nao era um canalha nem extremamente dramatico (uma evoluçao desde o ultimo) pelo contrario, falava pouco. O que a deixava insegura de si, mas não vem ao caso.
Por mais que fosse perigoso ela começou a ler, isso não é um atitude perigosa mas essa menina tinha um dom de se distrair. O mundo ia embora e ela, apaixonada, com sono e compenetrada num livro então? Era como se implorasse para que roubassem a sua carteira com vinte reais dentro. Mas estava tao deserto que nem bêbados tinham mais. Ela em toda sua ingenuidade e o acaso estava segura.
Tão compenetrada na complexidade dos seus simples problemas ignorou os dois motoqueiros que pra ela buzinaram, seu primeiro pensamento foi de que não foi pra ela, não tem um motivo para ser, mas então de novo, estava sozinha no ponto com a melancolia da neblina.
A questão era se aquela melancolia morreria quando o Sol nascesse ou se duraria pelo resto do dia.
Comentários
Postar um comentário