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Crônicas Anônimas. Parte 1

Ela reclamava sempre de ser incompreendida, sempre ignorava qualquer um que se aproximava, ao trocar o primeiro beijo com alguém, ela já pensava na desculpa em que daria para não vê-lo (la) mais. Se sentava na varanda de sua casa e fumava na frente de seus pais. O mesmo sorriso debocheiro e sarcástico de sempre tomava lugar em seu rosto. Não importa o tanto que seus olhos castanhos grandes, seus cabelos negros e longos fossem sedutores e maravilhosos. Todos sabiam que ela era horrível. Ela mesma estava ciente disso, mais que todos até.
"Onde erramos?" ela ouvia sua mãe chorar para seu pai, os sussurros desesperados e os soluços quase ináudiveis, que somente o marido conseguia ouvir, mas que sua filha sabia que ela soltava, pois ela conhecia muito bem a sua progenitora.
"Não foram vocês mamãe, sou eu a quebrada. Sempre fui. Não sei como me consertar, por favor me ajudem. Eu amo vocês. Quero ficar bem. Quero lhes deixar bem. Por favor me perdoem por tudo que lhes causei nesses 16 anos. Eu juro que irei compensá-los. Nada é culpa de vocês. Amo vocês. Demais."
Era isso o que ela queria dizer, era isso o que sua mãe precisava ouvir. Era essa a verdade. Ao invés de tudo, ela se trancou no seu quarto e se pôs a chorar.
Quando foi que tudo isso começou?
Por que eu virei assim?
Por que eu quero continuar assim?
Mais milhares de perguntas vagavam por sua mente, todas julgando a si mesma. Afinal, já que todos o faziam, por que ela não podia?
Odiava o fato de que, o motivo inicial, de que o começo de tudo ter sido um garoto. Odiava ser prevísivel. Odiava ser cliched. Mas, era quem era. Por que negar? Já tinha machucado à tudo e todos de qualquer jeito.

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