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Crônicas Anônimas. parte 2

Acordou com a mesma dor de cabeça de sempre. Não sabia o que era aquilo, mas já lhe artomentava fazia alguns meses. Não era ressaca. Não gostava de beber. O sabor era ruim. E se fosse pela sensação, era somente cheirar uma carreira que era melhor. Colocou uma regata larga de seu ex-namorado, calça de couro, rasteira e uma jaqueta jeans qualquer. Andou sonolenta até o espelho e se maquiou e deu uma escovada nos cabelos. Não conseguia se concentrar em nada,a dor de cabeça tava pior que nunca. Pegou o celular e ligou para Sílvia, pedindo uma carona. Foi até a portaria do prédio esperar pela amiga. Acendeu um cigarro e sentou no meio-fio. Uma angústia tomou conta de seu peito, seu coração acelerou, e a respiração ficou fora de compasso. Segurou o choro, porém deixou uma lágrima silenciosa cair. Não a viriam chorar de novo. Tomou três analgésicos e retocou o gloss. "Que eu morra hoje, que eu morra hoje, que eu morra hoje" ela torcia, porém, ao ver que o Fusca da amiga estava na sua frente, ela deu um salto, riu e entrou no veículo. Rindo. 
 - Que horas são? - Perguntou, tentando se levantar. 
 - São 17:45. - Sua mãe lhe respondeu. Fria, com lágrimas dos olhos.
 - Eu dormi na aula?
 - São 17:45 de quarta-feira. 
Ela havia tido uma OD, ficou de coma por 2 dias.
 - Mãe... Eu... Sinto muito ok?.
 - Não vai prometer que nunca mais vai usar alguma coisa?
 - Não prometo coisas que não quero ou vou cumprir. Você sabe disso. 
 Um sorriso sádico, cansado ocupou o rosto de sua mãe. Ela sempre fora linda. Tinha quarenta anos, porém o mínimo de rugas, cabelos castanhos na altura dos ombros, magra, saudável...
 - Ok, pelo menos vai parar de tomar os meus remédios?
 - Tá. 
 - Daqui dois meses, quando o seu tratamento terminar, eu te busco.
 E então, foi-se embora, sem dizer mais nenhuma palavra, ou virar o olhar para se despedir de sua filha. Dois meses sozinha lhe fariam bem. Não conseguia mais suportar todo aquele estresse.

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