Ela respirou fundo, fechou os seus olhos e
contou até dez, bem devagar. Então percebeu que não era o suficiente para amenizar
a dor. No momento em que parou, o guarda que estava de escolta, empurrou-a para
cela.
Aleksandra caiu brutalmente no chão. Tossiu e viu que tinha sangue em sua saliva, não estava surpresa com isso, devido ao que havia passado. Olhou para trás e viu aquele oficial, pela ultima vez. Era o que esperava, pelo menos. Encarou os olhos daquele homem e não piscou nem se quer uma vez até ele sair; porém no momento que ele o fez, ela desabou em lágrimas; engasgava-se por elas a saliva e o sangue. Nem reparou que havia acordado a sua colega de quarto.
- Sandra?! É você?! - Disse Ana Rita, com seu sotaque latino
- Oh, Sandriña, pensei que você estivesse morta. - Rita chorava de alegria,
havia sentido a falta de sua companheira com sua vida, e temia pela vida dela,
fora um alivio ver que ele foi em vão. - Rita... - Ela sussurrava, uma voz débil saiu de sua garganta,
não parecia propriamente dela. - Eu preferiria estar. Pedi milhares de vezes
para que o fizessem Rita, mas não, eles não têm piedade e muito menos
compaixão, toda vez que uma nova cicatriz aparecia em minha pele, eles riam e
jogavam querosene, sempre que eu estava prestes a desmaiar, me faziam engolir
uma carne crua com sal. Sempre que eu berrava de desespero, eles enchiam a
minha boca com papelão para eu calar a boca. Rita, eles, eles... Ela não conseguiu terminar a frase, e
também não precisava, Rita logo entendeu o que ela quis dizer, ao ver como ela
se agarrava ao seu ventre. Quando Ana se viu, ela estava agarrada com a amiga,
chorando, compartilhando a sua dor, compartilhando a saudades do filho que não
havia nascido. Ela o fez até adormecer, pois já havia passado das três da
manhã.
Quando Rita acordou, viu que Aleksandra
estava sentada no beliche de cima, aproveitando os raios de sol. Ela estava
encolhida, abraçando as suas pernas. Ana não se impressionou ao ver o estado da
amiga; estava limpa, com os cabelos penteados e não
haviam vestígios de lágrimas em seus olhos. Ela sempre teve uma
força, que Rita nunca compreendeu, mas que admirava, com certeza.
- Por quanto tempo eu fiquei sobre tortura? - Aleksandra
perguntou, ainda de olhos fechados e com o rosto virado para a janela. - Quanto tempo pareceu? - Não faço a mínima, nas primeiras 12 horas, mantive a noção
do tempo, mas depois disso, a dor foi insuportável. Porém,
nos últimos 2 dias, a coisa meio que se anestesiou, eu não sentia
nada. Então, eles me fizeram ter um aborto, e as últimas duas horas foram
piores. - Um mês. Aleksandra respirou fundo e apertou o
botão, para poder fazer as suas tarefas diárias.
Aleksandra caiu brutalmente no chão. Tossiu e viu que tinha sangue em sua saliva, não estava surpresa com isso, devido ao que havia passado. Olhou para trás e viu aquele oficial, pela ultima vez. Era o que esperava, pelo menos. Encarou os olhos daquele homem e não piscou nem se quer uma vez até ele sair; porém no momento que ele o fez, ela desabou em lágrimas; engasgava-se por elas a saliva e o sangue. Nem reparou que havia acordado a sua colega de quarto.
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