Com lágrimas nos olhos o garoto abraçou o cadáver do amigo. O cheiro quente e metálico do sangue borbulhando fazia um nó em tua garganta; o ferimento da faca no ombro direito ardia, e essa era a única coisa que ele sentia. A ardência dilacerante. O sangue gotejava, caindo rápido, mas não rápido o suficiente para morrer. E tinha somente Barreto em seus braços.
O rosto desfigurado da bala que levou. A barriga toda arranhada. Eles teriam ganhado a richa se o filho da mãe do Grilo não tivesse tirado uma arma. Mas deviam ter esperado isso, ninguém joga pelas regras quando a lei não se importa mais.
O amanhecer rosa e laranja começou a nascer. Era uma cena linda, esteticamente falando. O vermelho do sangue, contrastando com a pele dourada de um garoto e com a negra do outro. As casas azuis e vermelhas, sendo tingidas pelos reflexos do astro rei. Sim, era uma cena bonita. Uma cena tão linda que foi só com ela que o menino vivo chorou. Mas não de tristeza, não de pesar pelo melhor amigo. Só pela beleza da cena mesmo. Queria ser um pintor para pintá-la.
Não sabia o que sentir em relação ao seu amigo morto. Tinha um comichão antes da luta, sabe? Uma sensação esquisita de que o amigo não ia durar. Lutou até o possível para evitar isso. Mas agouro é previsão do futuro, como dizia o padre. Mas também, como esperavam que um garoto soubesse reagir?
Não é porque mata, que sabe provar da morte. Ver um amigo morrer não é que nem perder um braço. Ou matar alguém; quando você perde um braço, sabe que é uma coisa que dói, mas que a dor passa, assim ; como você sabe que não vai mais ter o braço; agora, alguém morrendo, já vem as dúvidas. O miticismo da igreja, do candomblé, a vida e a morte. É muito complicado.
Matar alguém, é puro instinto. É só não morrer. Mais simples ainda.
E até a hora do almoço, quando um adulto viu o moleque, com o sangue duro e fedido já, o garoto ficou lá. Pensando e tentando sentir algo em relação o amigo que perdeu. Sabendo somente que ia sentir falta de empinar pipa com ele.
O rosto desfigurado da bala que levou. A barriga toda arranhada. Eles teriam ganhado a richa se o filho da mãe do Grilo não tivesse tirado uma arma. Mas deviam ter esperado isso, ninguém joga pelas regras quando a lei não se importa mais.
O amanhecer rosa e laranja começou a nascer. Era uma cena linda, esteticamente falando. O vermelho do sangue, contrastando com a pele dourada de um garoto e com a negra do outro. As casas azuis e vermelhas, sendo tingidas pelos reflexos do astro rei. Sim, era uma cena bonita. Uma cena tão linda que foi só com ela que o menino vivo chorou. Mas não de tristeza, não de pesar pelo melhor amigo. Só pela beleza da cena mesmo. Queria ser um pintor para pintá-la.
Não sabia o que sentir em relação ao seu amigo morto. Tinha um comichão antes da luta, sabe? Uma sensação esquisita de que o amigo não ia durar. Lutou até o possível para evitar isso. Mas agouro é previsão do futuro, como dizia o padre. Mas também, como esperavam que um garoto soubesse reagir?
Não é porque mata, que sabe provar da morte. Ver um amigo morrer não é que nem perder um braço. Ou matar alguém; quando você perde um braço, sabe que é uma coisa que dói, mas que a dor passa, assim ; como você sabe que não vai mais ter o braço; agora, alguém morrendo, já vem as dúvidas. O miticismo da igreja, do candomblé, a vida e a morte. É muito complicado.
Matar alguém, é puro instinto. É só não morrer. Mais simples ainda.
E até a hora do almoço, quando um adulto viu o moleque, com o sangue duro e fedido já, o garoto ficou lá. Pensando e tentando sentir algo em relação o amigo que perdeu. Sabendo somente que ia sentir falta de empinar pipa com ele.
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