Um cigarro caindo na boca do homem. Cinzas equilibradas na barba espessa e descabelada. Caderno universitário apoiado na perna cruzada e por aí segue-se o estereotipo. Sentado no balcão de um café que ele não pode pagar, escrevia desesperadamente, afinal seu pastel e café pingado dependiam disso. Me perguntem companheiros, o quê ele fazia em um lugar onde um Latte (não existe café com leite lá) custa R$ 7,00 o pequeno e R$ 12,00 o grande? Era irmão da atendente.
- Como vai o romance?
- Péssimo. - Ele engole um copo de café e nem olha pra ela. - Mas estou em outro conto.
- Ué, não ia fazer a obra da sua vida?
Ele tinha vinte anos.
- Não tenho dinheiro pra isso.
- Nunca vai ficar famoso na base de contos.
- Quem disse que eu quero ficar famoso?
- Qual um ponto de um livro se ninguém ler?
Ignorou ela, fingindo que não escutou, como todo gênio estava absorto em seus pensamentos. Afinal, tinha seu romance praticamente pronto. Um garoto que se apaixona não só por uma menina, mas pela sociedade em que ela vive, e faz de tudo para permanecer. Tinha o começo, o final, as frases foguete, o ápice dramático e romântico; porém a sociedade não era feita para poetas.
- Como vai o romance?
- Péssimo. - Ele engole um copo de café e nem olha pra ela. - Mas estou em outro conto.
- Ué, não ia fazer a obra da sua vida?
Ele tinha vinte anos.
- Não tenho dinheiro pra isso.
- Nunca vai ficar famoso na base de contos.
- Quem disse que eu quero ficar famoso?
- Qual um ponto de um livro se ninguém ler?
Ignorou ela, fingindo que não escutou, como todo gênio estava absorto em seus pensamentos. Afinal, tinha seu romance praticamente pronto. Um garoto que se apaixona não só por uma menina, mas pela sociedade em que ela vive, e faz de tudo para permanecer. Tinha o começo, o final, as frases foguete, o ápice dramático e romântico; porém a sociedade não era feita para poetas.
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