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It's Alright

 Numa casa de chá agradável se encontra um antigo casal. Um lugar arejado e bonito, onde os com poder aquisitivo suficiente se encontram para comer quitutes e se deliciar com refinadas bebidas quentes; mas não esse ex-casal nesse dia de primavera.
 Há mais de um ano não se viam, ele estava mais alto, cabelo mais comprido e um pouco mais moreno, provavelmente devido ao serviço ao exército.
 Ela o oposto, mais branquinha, mais delicada. Tinha engordado, mas não o suficiente para ficar feia. Difícil aquela garota ficar feia, apesar de tudo. Um sorriso tímido brotando do lado direito da bochecha, nunca esquerdo. Ele demorou pra aprender, se fosse esquerdo ela estava forçando o sorriso. Descobriu isso tarde demais. Dez minutos esperando e ela chega.
 - Como você tá?
 - Bem.
 - De verdade?
 - Não.
 - Me desculpa por isso.
 E é claro que ele desculpou. Mais de quinze meses sem vê-la foi o suficiente para perdoar todo e qualquer machucado. Se sararam foram outros quinhentos.
 - E você? Me desculpa.
 - Faz tempo já.
 - Então, vai voltar pra mim?
 - Você prometeu não pedir isso.
 Na mente dele; porque era muito tentador. Na mente dela; doía demais machucar ele de novo. Não ia aguentar aqueles meses tudo de novo.
 E é claro que ia ficar pior. Uma camiseta dobrada com cuidado com até um lacinho e um bilhete. Ele poderia ler o bilhete lá, mas não o faria. Tentou não olhar para cima, mas não conseguiu.
 Um aspecto em que a vida real se difere e muito dos filmes: o choro. Não são lágrimas solitárias que deslizam sobre a pele discretamente. Sempre carregam um pouco de maquiagem junto, deixando um caminho mostrando todo o motivo daquelas lágrimas. Ele poderia abraçar ela e secar as lágrimas, mas isso seria tê-la para sempre e abrir mão da felicidade dela com outro rapaz; uma felicidade genuína talvez.
 - Sinto sua falta, apesar de tudo.
 Mas, ao contrário dos filmes, nenhum beijo selando o amor eterno.

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