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Vamos deixar tudo como está, sem desistir nem tentar.

 Um homem e um homem em formação sentavam juntos no bar, em uma mesa perto de um canto, do lado do aquecedor. O primeiro tinha trinta e dois anos, barba cerrada, carreira formada e uma conta razoável no banco; o segundo, olhos brilhantes e agudos, um rosto liso e juvenil e vinte e cinco anos. Um era um cirurgião plástico de renome entre as mulheres que temiam a menopausa, o outro apenas tentando a vida em qualquer coisa.
 Meia hora entre uísque e cerveja preta foi o que bastou para que algum abrisse a boca.
 - Sente falta dela?
 - Não. - E o rapaz repetiu a pergunta.
 - Claro que não, diabos.
 Ambos sabiam que a resposta era mentira. Três dias depois do velório e ainda estavam de luto; claro se você fosse parente isso seria mais que normal, agora se você não a visse por mais de meses, seria estranho.
 - Quanto tempo ficaram juntos?
 - Menos que vocês.
 - Ela te falou sobre mim?
 - Uhum.
 - O quê ela te falou sobre mim?
 - Acredite em mim doutor. Você não quer saber.
 Nem um nem o outro entendia o porque de estarem naquela mesa discutindo sobre uma amante em comum, tinham motivos o suficiente para se odiarem; mas faziam setenta e duas horas em que a cada vinte e quatro eles se encontravam, bebiam, falavam quase nada até a hora do jogo passar na televisão e então riam. Quase amigos, se continuassem nesse ritmo. Mas não continuaram, um voltou para a esposa e contou sobre a amante; falou tudo sobre ela, a personalidade marcante, o sorriso encantador e os cachos perfeitos, estava em uma miséria tão grande o homem que ela sentiu simpatia pela moça que deve ter sido fantástica. O outro continuou em sua rotina, as vezes chorando de saudades ou remorso por nunca ter dito que a amava.

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