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Porque vamos terminar a garrafa - Vinagre

Nos momentos em que o Sol escondido nas nuvens parece a Lua, e que a Lua durante a noite ofusca a visão como um corpo celeste de brilho próprio é que nos vemos como contempladores. Os aviões no céu brincando com a noção de perspectiva do movimento terrestre, e todos os sentimentos que se tem a necessidade de expressar e que a habilidade nos falta. A habilidade de parar e apreciar.
Não foi até eu perceber que em plenas férias estava correndo que percebi que tinha um problema. Enquanto teoricamente aproveitava o sol e um bom café no terraço, dava cada tragada com força e pressa. Não eram a pressa e angústia de quem queria sorvar o máximo do momento, como as pessoas gulosas pela vida. Era somente a ansiedade de quem tinha algo para fazer. Uma viagem para planejar, pessoas para conhecer, amigos para consolar. Todos os verbos no infinito possíveis, como que se estivessem indicando algo relacionado ao futuro.
 Foi um esforço consciente ter que me permitir aproveitar as sensações daqueles minutos só, a fumaça que entrava densa e morna e saía áspera, o sol refletindo com cuidado nos minúsculos pelos dourados de minha mão. E talvez por ter sido um esforço consciente, não se foi aproveitado como deveria.
 "Sou apenas um ordinário, mas não precisam se preocupar. Vai bem, vai bem assim" - escreveu alguém mais inteligente e habilidoso do que eu. E mesmo em parágrafos tentando recriar apenas uma fração do impacto que essas catorze palavras tiveram em mim, tenho a certeza de que jamais conseguirei. Talvez porque as emoções são únicas, e a subjetividade de cada um em cada momento seja ímpar, talvez falta de talento ou esforço. Provavelmente uma junção de tudo isso adicionado de uma auto-estima baixíssima.
 Mas de qualquer modo, acho que é a tentativa que conta. 

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