A meia hora que levei para decidir se iria embora, ou te esperaria acordar foi torturante. Passei um café no filtro, pois partir sem deixar uma lembrança é maldade. Ainda seria pelo menos uma semana longe, isso se um de nós não mudasse de ideia.
A chaleira apitou e o apartamento inteiro ecoou. Nas pontas dos pés fui confirmar o seu sono. O coração batia acelerado naquele lar que não pertencia à mim. A nuca arrepiada com os pés descalços no azulejo, mas quieta eu estava. E você, peregrino, não estava lá.
Voltei sorrateira, já com a minha calça pendurada nos braços e a sapatilha na mão; e no corredor você sai da porta do banheiro, com os mesmos olhos esperançosos e calmos da noite passada.
- Eu posso fingir que não te vi e te deixar ir embora.
Te beijo a nuca, roubo-lhe uma xícara e vou-me mundo a fora.
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