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As mentiras do profeta

Tomava vinho em uma caneca de leite na noite fria e serena. Havia o notebook em sua frente e pensava como iria desenvolver o conto à seguir; se falaria sobre o primeiro amor ou o segundo. Quem sabe até o atual? O professor que tivera um caso obscuro.
E então escreve, mas sobre nenhum dos três. Escreve sobre uma mulher que concedeu o perdão, que abriu os braços para o marido bêbado que na embriaguez soluçava perdão pela amante.
Iria enviar para a editora. Seria publicada, era de um amigo íntimo dela. Mas ainda assim hesitou ao mandar o email.
Em oito anos de carreira nunca tinha hesitado ao mandar um email.
Não sabia escrever sobre o que não havia passado. Isso a agonizou. Era uma primeira vez. Teve a mesma sensação de culpa e ansiedade quando mentiu para a mãe pela primeira vez, ou para as amigas de infância sobre o namoradinho.
Se havia mentido tantas vezes porque não dessa? Porque essa seria para si mesma.
- Está aprendendo Clarice. - riu para si mesma.  - quase me convenceu. 
E apertou o botão de enviar.

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