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A bêbada e o Equilibrista

 Pagava a penitência do meu coração caminhando de bar em bar, porém toda a estrada era feita de cacos de vidro e o dinheiro dos calçados tinham ido embora junto com a vodca barata. Era como assistir o filme da minha vida, todo o romance se entrelaçando e se apertando num nó que não desatava, somente estourou no final. E nem tive a dignidade de segurar as pontas. Mas essa é a vida de dar murro em ponta de faca. Se apaixonar pela mulher do melhor amigo, querer um emprego que paga o suficiente para ser bandido. 
Quase uma pária, mas com todos os perdidos, de vez em quando um anjo descia. 
 - Oh, meu Roberto, meu nômade favorito. Me diga, porque tanto me amaldiçoa. 
 - Ah noite, noite minha, noite da lua, dona do bordel. - Rio seco. - Juro que não é de propósito, mas você me desperta a melancolia. 
 Nos finais de semana, a noite é a ruiva ardente de vestido brilhante; segundas, quintas, sextas e terças a dona do bordel de blazer e salto alto. Nas quartas feiras tirava folga e vestia a camisa velha que esqueci na casa de um ex-amor, mas naquele dia em específico estava loira. 
 - Sabe, pensei que te facilitaria a vida, digo, ao menos você me tem.
 - Até envelhecer. 
 - Pare, serão muitos os carecas a te acompanhar no bar. 
 E ela anda ao meu lado, fumando charutos com cheiro de cravo, rindo sozinha, mirando seu sorriso aos céus. Somente não me deixando chorar. 
 - Pare com isso, cabra que é cabra não chora. - Ela imita meu avô. - Deixa o moleque sentir dor em paz, já ta sofrendo o bastante. - Imita a vó (Deus a tenha).
 E então me faz rir, e quando subo para o apartamento somente senta no meio fio a frente bebendo a garrafa de vinho que dou de presente para o porteiro no natal. Me esperando para a próxima saideira. 

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