Eu perguntava das músicas e ele me contava; me dizia sobre o que se tratava e o ritmo, mas não me cantava uma sílaba se quer, me encarava com um olhar de homem sério, por mais que fosse só um moço; olheiras negras o suficiente que o transformariam em um rapaz obscuro se não tivesse um sorriso debochado sempre rindo das minhas asneiras.
Não me deu a mão na rua, somente um beijo desajeitado na porta do restaurante. Não conhecia Bandeira, Bahaus, Mutantes, Caetano e muito menos Rimbaud, mas não via novela também. Sem história complicada, era malandro e bom-moço ao mesmo tempo. Não vestia o terno branco de linho mas também não ia para a zona, fazia capoeira e jogava xadrez, mas era apaixonado por baralho. Longe de ser viciado, mas se garantia. Fazia essas piadas e então me sorria e me abria os olhos de fotografia. Não era Chico Buarque, tinha um olhar mais sereno. Não era um Noel Rosa, mas ainda assim brasileiro moreno. Somente o meu novo personagem quando eu esqueço os meus livros na minha cidade.
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