- Se eu ficar aqui hoje a noite, você vai me dizer aquelas palavras que nunca foram ditas?
Ele tocava o acordeão recostado na poltrona reclinável de seu quarto, somente olhando com os olhos calmos a garotinha assustada. Quase era um bolero enquanto ela de pé se encolhia como podia.
- Você nunca foi amada meu bem? - Uma dor nasceu no peito, a parte paternal falava alto com aquela garota. Se sentia como em pleno século vinte, tendo que se casar com ela tendo apenas dezessete anos, mas a mãe autorizou e ela precisava, ele só não sabia como se apaixonara.
- Não...
Ele deixa o acordeão e liga o rádio, um bolero toca e ele dança com ela que chora miúda em seu peito, só tinha sido amada por garotos que dizem palavras bonitas até conseguirem o que querem, garotos bonitos e engraçados, muito diferentes de homens de trinta e cinco.
- Camila, Camilinha.
Ela levanta o rosto e para de chorar.
- Minha cama você visita quando quiser, que eu te amo como puder.
A garota magra nordestina se afundou mais ainda em teu colo, prometendo em silêncio o que toda noiva devia.
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