Tivemos todas as oportunidades de nos reinventar, mas ninguém nunca tentou nada. Com o mesmo olhar indiferente ela me soltava um sorriso que poderia ser sincero se não fosse tão automático, eu tocava Cazuza como uma forma estranha de chamar atenção enquanto Ramones tocava nos fones de ouvido.
Passeei de noite, procurando qualquer outra companhia, não precisava troca de saliva, somente algum corno no bar para me fazer companhia junto com José Rico e Milionário, pedia conselhos para as minhas amigas lésbicas que pensavam que eu devia pedir o término; mas elas gostando de garotas entendiam o fascínio que o tédio pode exercer, a boca de chiclete e os olhos com sombra lilás e o certo desprezo. Quem sabe se eu a desprezasse daria no mesmo? Provavelmente não, ela não tinha tanto o que perder quanto eu. Era mais que companhia sexual o que ela me dava. Eram os demônios para perseguir.
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