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Uma valsa e um café, por favor.

Eu tive que abrir os olhos para perceber que voava. Ele não tirava seus braços de envolta de mim e sussurrava na minha nuca, ronronando. 
 - Pode abrir os olhos querida, está segura.
 E eu rio, a adrenalina e o vento me tomam por surpresa, apesar de eu já estar na asa delta há alguns minutos. Me pega desprevinida com um beijo e bambaleamos e eu grito com medo da queda.
 - Primeira vez que faz isso? 
 Respondi que sim, mas nao sei se ele ouviu. Eu ria e ria e ria. Me senti como uma menina de novo, nos braços daquele homem. 
 Descemos no morro do Urca, eu ria e dançava com os braços abertos, e ele me encarava com paciência. Pedia dois chás gelados e mais alguma coisa enquanto eu apreciava a vista. Só o sinto do meu lado e deito minha cabeça em seu ombro, ainda estou agitada, mas a adrenalina baixou. Até ele ter pego na minha mão pelo menos, não sei se era o voo de asa delta, ou a maneira que ele veio de fininho, mas meu coração acelerou de novo. E nos meus vinte e seis anos de vida, enrusbeço como se tivesse quinze anos e o meu primeiro namorado tudo de novo. Por dois segundos, me esqueço do presente e volto para o passado, para a convenção em que o conheci e para o primeiro beijo que ele me deu. Abro os olhos e recebo um igual. 
 Ele me encarava como se eu fosse uma criança, mas se instalava na minha cama e me chamava de mulher todas as manhãs. Aquele homem que eu amava, ele sabia que eu o amava, mesmo sem ter nunca dito era óbvio. Ele me amava também. 
 Passamos o resto do dia andando pela praia, nos teletransportamos para uma outra época, onde ouvíamos Noel Rosa e Bossa Nova. Temos o roteiro perfeito, e voltamos para o apartamento onde ele me faz uma caipirinha e me dá uvas na boca.
 O toque gentil e suave, o dedo indicador dele se mancha com o meu batom, e o meu rímel com uma lágrima.
 - Casa comigo?
 Transbordo de adrenalina quando ele diz que sim.

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