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Uma cama de pregos

 Ela se sentava na cozinha e olhava para a janela enquanto tomava o café, não sei o que reparei nela. Não foram os olhos, de uma cor normal, aquele castanho meio sem graça e os lábios ressecados. Uma expressão de que esperava algo acontecer, mas pelo pouco que já a conhecia sabia que não ia fazer nada. Ela me viu a vendo e não disse nada, encarou a xícara de café. Somente abaixou os olhos e jogou todo o cabelo para um lado. A maneira em que ela manejou o punho e segurou o cabelo me chamou a atenção, era delicada, mas firme, não deixando nenhuma madeixa cair no líquido quente.
 - E então... - Começo a falar.
 - Um café primeiro.
 Me serve em uma xícara que tinha uma âncora desenhada enquanto tira as roupas dela do chão. E de novo reparo nos movimentos da garota, suaves e delicados. E ainda me encarava como se esperasse algo de mim. Termino o café, meio aguado. Ela se senta no meu balcão e sorri pra mim.
 - Não lembra do meu nome, não é?

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