Não sei definir o sono dela. Seria conturbado se ela não fosse tão quieta, seria feliz se eu não visse uma lágrima ocasionalmente. Quando ela me abraçava no sono, suspirava e se enrijecia; quando eu a abraçava, relaxava. Eu não sei se me importava com isso ou observá-la era apenas um hobby para quando o sono fugia, mas de qualquer modo, os fins justificam os meios.
Devo minha vida à essa menina, me salvou da sífilis. Coração partido na mão, garrafa de vinho barato na outra (não aguento cachaça ou uísque) e estando um passo de entrar em um coma alcoólico caminho para um puteiro barato. Ela, na recepção mais bonita que as prostitutas todas juntas, mas quando não se está disposto a pagar mais de cem reais. Não me lembro direito da noite, mas ela me prometeu de pé junto que eu não paguei nada pra ela, e que tudo o que foi feito ela que quis.
A dor de um amor é com outro amor que se cura, certo?
Tínhamos uma rotina preguiçosa, ela vestia as minhas camisetas como se tivesse graça naquilo tudo. Fritávamos tudo, eram as nossas refeições. Eu engordei, ela começou a dormir mais ainda. Ela só me pedia amor, afeto e essas coisas que garotas gostam. E eu só queria ter alguém ali.
Não era justo com ela, eu sabia disso. Ela sabia o que eu ia fazer, o que eu ia dizer pra ela. Que ela só foi uma tremenda coincidência.
- Você sabe né? Só pode atirar quem está pronto para levar o tiro.
E ela sabia, que eu ainda tinha medo de dormir sozinho.
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