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Com todas as regalias. - 1

Ao meu querido desconhecido. 

Olá, Francisco. Ou Chico como você me pediu para te chamar, mas para mim você será Frank. Me perdoe mas não sei pronunciar tudo isso que nem você. Por isso lhe peço que me chame de Nina ao invés de Nyina, duvido muito que você também saberá a pronúncia. Adorei as fotos que me mandou, parece ser um lugar lindo onde mora, sempre quis ir. Mas é longe. Bem, eu até te mandaria algum contato eletrônico, mas desculpe o meu exagero porém adoro o miticismo de sua letra. Tenho os cabelos negros e os olhos castanhos. Lhe diria algo a mais, mas não penso que sou o tipo de garota sobre quem compõem músicas ou escrevem poemas. Sou só mais uma que perambula por Moscow. Sou barista, me divirto de noite com as outras garotas. Poderia te falar mais, mas duvido que essa carta você responderá, sinto que aos poucos você vai me descobrindo mais como uma menina e menos como moça. 

Com Carinho, Nyina Vishnya
Onze de Outubro de 1998 

 Para a moça que quero conhecer.

Olá, menina Nina. Primeiramente, quero que pare de ter medo do que eu possa pensar de ti. Sou somente mais um desconhecido que você pode ignorar por não respondendo as minhas cartas. E não se preocupe, longe de mim está te julgar. Bom, já são dois meses que me correspondo contigo e acho que já pode parar de se esconder. Infelizmente criei um carinho especial por ti, digo infelizmente porque existem léguas a nos separar. Quem sabe algum dia nós nos encontremos no meio do caminho? Berlim, algum dia. Sim, foi uma piada de mau-gosto. Perdoe meu humor negro. É mais forte do quê eu. E atrevo-me a dizer que você é sinceramente linda, assim como suas aquarelas. Sonho em passar o Réveillon em Moscou. Um dia irei aí, e você me mostra a sua escola. E sim, sou velho. Desculpe-me não ter avisado-te, eu e meus cabelos brancos rogamos por teu perdão. Desejo-lhe um ótimo ano-novo minha querida. (Tomo aqui a liberdade de chamar-te de minha, por favor não se assuste).

Com Afeto, Francisco Moraes.
Vinte e dois de Dezembro de 1998.

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