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 Na primeira, tudo faz sentido. Fechar o cinto no braço e dar os petelecos na agulha. E então, vem a apreensão. Não saber o que fazer, não saber como colocar o negócio. Então abre e fecha o braço para a circulação ativar.
 Vamos lá, que nem na primeira transa, é só meter. Abre e fecha o braço. De novo.
 Encontra a veia, e lá se vai a droga. Porém, onde tudo começa, é quando tudo acaba certo? Digo, heroína é um troço brabo. Ninguém pensa passar da segunda dose, porque todo mundo fala que é uma merda. Mas a primeira dose, não.
 E em questão de semanas, tudo vira de mentirinha. Até a droga. Colocar pimenta. Gelo. Aquecer demais. Fazer o possível para retornar ao êxtase da primeira vez. Mas, isso não acontece. A droga só serve para te tirar do desespero que vira essa sobre vida. Esqueça namorada. Esqueça família. Só não esquece emprego, porque precisa pagar a droga. E dia após dia, é assim. Tomar cuidado para não fazer infecção. Tomar cuidado com quem vai dividir a agulha.
 Mas nem sempre é assim. Quando bate o desespero, qualquer um serve. E então, pega AIDS. E aposta consigo mesmo o que vem antes: a doença ou a overdose.

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