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If you are gonna walk make sure, wear your comfortable shoes.

 - E é isso? Vai terminar comigo por uma pessoa que nunca existiu?
 - Não é assim...
 - Estou errada então? Por favor me corrija se você não está indo embora somente porque não sou ela. Só está me deixando porque não sou a ruiva tatuada. A loira perdida. Eu não sou Mary Lou. Sou sua. Esse é o problema.
 - Sinto como se você estivesse terminando comigo...
 - Talvez eu devesse, sabe? Estou farta de você suspirar o nome de um personagem toda vez que fazemos amor. Se é que se ainda pode considerar isso quando você pensa em um ser completamente imaginário.
 - Todas as vezes que eu te amei... Foram de verdade.
 - E as vezes em que falou que me ama?
 E é com a frase de impacto, que ela vai embora me deixando sem resposta, é claro. Com a última palavra dita e lágrimas caídas, quem julguei ser o amor dos meus vinte anos se esvanece como a geada com o  sol. Aos poucos e bela. E saio então em busca de minha musa.
 Caio nos botecos procurando qualquer ruiva de olhar ardente. Vasculho os puteiros em busca de uma jovem de pele clara e lágrimas engolidas. Anseio pela garota perdida no bar que somente quer um homem para cuidar dela; porém ela temerá tanto isso que vai viver em pesar. Irá embora e voltará. Inúmeras vezes.
 Eu quero a mulher que sofra e que me ame. Quero a garota perfeita. Que me regojize na cama e intrigue na mesa. A metaleira que sente vergonha de ouvir samba. A garota que gosta de filmes de terror e chiclete de cereja. Sempre terei que correr atrás dela e sempre o farei, até que, após tanto procurar... Encontrarei. A virei com outro. Nos fundos de um bar, somente suas costas, arranhadas pelos momentos de ímpeto e o cabelo de fogo subindo e descendo com a respiração e os gemidos arfantes.
 E então... Eu voltaria para você.
 A garota que espera duas horas até eu sair do trabalho.
 A garota que diz que me ama entre suspiros. Que sempre cuidou de mim e pra quem nunca deixei algo faltar. E então, nós transaríamos e seria o melhor momento de nossas vidas. Seria onde eu diria o seu nome entre gemidos, abandonando os fantasmas.
 Mas não. Você é inteligente demais para isso.
 Com certeza não me superaria... Afinal o primeiro amor marca, mas a questão é: você me perguntaria o porquê de eu te deixar se eu voltei.
 Responderia que queria mais experiências. Você diria que sou um hipócrita (não que esteja errada) e que você deveria querer isso. Teve somente um único amante, um único affair. Somente eu que lhe toquei e amei. Te pedi em namoro e cuidei de você. E o resultado, foi ótimo... Um coração partido e ressacas.
 Mas é claro, você poderia voltar. Poderia correr para mim entre lágrimas e dizer que me ama, me beijar soluçando de alegria e seríamos completamente felizes, por duas semanas. Até que você virasse a mártir que sempre foi. Pararia de usar maquiagem e ir ao salão. Se contentaria com um cargo burocrático e não seria mais feliz. Não conseguiríamos ter qualquer contato físico sem repugnância ou dor. E eu te trairia. De novo.
 Ou você somente diria não. Me sorriria aquele sorriso complacente e dolorido que já estou acostumado e viraria a estrela que sempre quis ser. Faria um corte de cabelo comportado, teria classe. Viajaria para Londres, Istambul e teria a felicidade de ser livre. Acharia alguém, talvez uma mulher e, sem querer, se machucaria de novo. E por obra do destino nos reencontraríamos. Nos beijaríamos e seríamos felizes. Até que você se lembrasse de que... Não é a minha musa.
 E terminaria comigo de novo, dessa vez, escrevendo a caneta o final.

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