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Os Campos Verdes da França.

 - Willie Mcbride... Como está meu bom companheiro? Espero que não se incomode se eu sentar aqui. Se você não se levantar do túmulo, acho que não terá problemas... - Riu o irlandês, se largando no cemitério de Versalhes. Até nisso os franceses eram metidos. Na ostentação da morte. Aí uma coisa que eles nunca entenderão. Usavam saias, ainda assim eram mais hétero que os franceses com calças, quem mandou uma raça inteira ser imune à psicoanálise.
 - 1916... Taí um ano bom pra se morrer. Logo depois da revolução russa... - Bebeu outro gole da cidra. - 19 anos... Uma criança. - Acendeu um charuto. - Como foi sua morte, garoto? Lenta e penosa como a minha ou foi bonita e limpa? Lhe invejo. Lhe invejo por não estar mais aqui...
 O homem abriu a jaqueta e jogou a bebida no rombo que a bala lhe fez na barriga. Ou flanco. Mesma droga.
 - Minha esposa me causou isso. - Ele apontou para o rombo. - Tentei matar a desgraçada, mas a bala ricocheteou na frigideira. Acredita? Na porcaria da frigideira. - Gargalhou algumas vezes. Chorando de rir e dor provavelmente, mas nenhum vestidor de kilt e bebedor de cidra admitiria isso.
 - Matei a desgraçada... Vim pra cá, morrer em paz, sabe? Poupar trabalho.
 Sentiu a visão ficando turva, uma agonia repentina tomou o seu peito.
 - Você pode ter até sido famoso quando era vivo, rapaz. Mas agora... - Soluçou. - É um isqueiro pro meu fumo.

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