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Não sei pra quê outra história de amor a essa hora. Então um ode paratua desconstrução.

E é sob a chuva imutável de Curitiba que você percebe o que vale a pena. Seja inverno, verão ou o nosso eterno outono. A chuva fraca, rala e gélida esta lá. E é sob ela que você vê.
Uma pena que suas gotas não são maiores, para disfarçar as lágrimas. Uma pena que ela não é mais fina, para os bêbados não escorregarem nas lágrimas da cidade. Mas, de novo. Ela é imutável.
É o motivo dos curitibanos serem frios. E as mulheres mais ainda. Os sorrisos pontuais e as bocas de hortelã são o traje a rigor para o baile do Largo. Tanto os Punks quanto os Junkies se sentam e choram sobre a impassibilidade do clima. Todas as garotas sorriem e limpam a maquiagem borrada. Homens se apaixonam por garotas, garotas brincam com garotos. Garotos choram por garotas. Em algum lugar tem uma mãe preocupada, vendo se a filha irá aparecer sóbria em casa dessa vez. E em outro bairro existe um homem pensando na amante, passando a saudade nos lençóis de algodão frios.
E é por isso que todos amam essa cidade, ela lhe dá um motivo para ouvir poesia. Ela lhe faz ver a arte e a tristeza das estátuas humanas. Os seres que ficam como estão. Tudo por alguns reais. Só não são mercenários, porque sempre terá alguma pessoa na XV que não só dará a esmola (o um real que paga todo o suor e frio pelo que o artista passa), mas que também sorrirá e entenderá a referência. Irá ver a beleza nos olhos fechados e pintados de farinha.
O frio, a garoa, a frieza. Tudo isso faz os curitibanos. Mas é a postura que faz as curitibanas. Por isso, talvez, sejam tão antipáticos. Talvez seja todo o remorso e pena que sentem pelo carioca que vem visitar. Pois existem um preços a se pagar para morar na cidade das Araucárias. Abrir mão do mar, fazer propaganda gratuita e transformar tudo em melancolia são somente alguns. Não podemos contar passar frio, pois é tão antigo quanto a gralha-azul.

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