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 - Põe na conta, Zé.
 - Já é dia 31. Hora de pagar a conta.
 - Ah sim... Quanto ficou? 
 - Cento e dezoito reais.
 - Toma. - Joguei duas notas de cem. - Coloca crédito pro mês que vem. 
 - Não faço isso. Uma garrafa de vodca então?
 - Fique com o troco. 
  E então cruzei a esquina e sentei na porteira de casa. A única coisa boa dessa casa caindo aos pedaços de velha. Uma porteira.
 Eu, a garrafa e a noite. Uma vantagem sobre ser um homem feio e corpulento. Ninguém se incomoda contigo. Meia noite, eu sozinho. E surpreendentemente seguro. Entediado, abro a garrafa. Uma mulher se aproxima de mim. Deve ser uma meretriz. Ninguém com senso falaria comigo. 
 - Oi. 
 - Oi. Tá tudo bem? 
 - Sim, por quê?
 - Um homem. Sozinho... Ninguém deve ficar sozinho de noite... - Ao falar isso, ela começa a acariciar meu joelho. 
 - Acredite, se eu quisesse pagar por sexo, te procuraria, querida.
 Foi-se embora. Me xingando provavelmente. Afinal, um homem na minha posição não devia reclamar de pagar por uma transa. Mas fazer o quê? Existe orgulho. E pouco dinheiro. 

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