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Bleed for me, And I'll die for you.

 - Uma chance em oito. Morrer ou viver. O quê quer?
 - Viver é claro.
 - Vai aceitar a chance?
 - Não. Ignorar a sua proposta. Assim tenho mais chances de viver.
 - Ok então.
 A encaro. Encaro a arma de seu pai. Encaro o sorriso despreocupado dela. Engraçado como ela sempre consegue manter uma imparcialidade inacreditável.
 - Vai tentar?
 - Sim, só estou esperando.
 - O quê?
 - Isso.
 E o cuco cuca. Uma. Duas. Três. Quatro. Cinco. Seis. Sete. Oito. Nove. Dez. Onze cucadas.
 - Por que não espera até a meia noite?
 - Muito previsível.
 Então, os vinte segundos a seguir passam em câmera lenta. Ela respirando fundo e tirando a trava da arma. Coloca uma bala aleatória e gira o compartimento de armazenamento. Ele trava. Ela não sabe manejar armas.
 Luiza coloca a arma na mesa. Me beija. Os mesmos beijos de sempre, únicos, calorosos. Mas dessa vez ela rouba a minha aliança.
 - Por que disso querida?
 - Se eu morrer, você não vai mais poder se chamar de viúvo.
 Eu engulo a lágrima que está pendurada no canto do meu olho. Se eu tentei impedi-la? Várias vezes. Mas não. A vadia é persistente.
 Ela coloca a arma sob o queixo. A inclina um pouco.
 - Eu te amo, você sabe não é?
 - Não sei mais.
 O gatilho é apertado. O silêncio é a resposta.
 - Então, eu vivo.
 Ela me entrega a aliança.
 Eu não pego.
 - Por que isso?
 - Você ia ter a coragem de me deixar sozinho. Sabe, isso é masoquismo.
 Viro de costas. E levo a arma. Vejo a localização da bala.
 Era uma bala de brinquedo.

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