Lá estava ele. O lobo solitário. Tocava violino. Desde que leu Sherlock Holmes pela primeira vez, decidiu duas coisas: Ser escritor e tocar violino. Teve sucesso em ambas.
Porém não na vida amorosa.
Tão compenetrado na composição, nem viu ou fingiu não ver que sua esposa o observava, com orgulho, pena e culpa. Para àquela mulher se sentir culpada, é porque ela fez algo muito ruim.
- Cada vez que te vejo, você toca melhor, sabia querido?
- Não te ouvi aí. - Ele respondeu, de costas.
- Não quis te interromper.
- Terminou com eles?
- Sim.
- Todos?
- Mm-hm.
- Até o Lúcio?
Ela hesitou. Respirou fundo. Mas confirmou.
Ele voltou a tocar. Uma melodia lenta, triste. Porém complexa. Ela entendeu aquilo como um reflexo de si mesma. Se sentiu lisonjeada.
- Por que terminou com ele?
- Porque eu te amo...
- Não minta pra mim. - Virou-se para ela, e pela primeira vez em duas semanas, olhou a esposa. Se lembrou de ter se apaixonado por ela. Alta, esguia, olhos profundos, agudos. O rosto de quem sabe das coisas. A personalidade de quem machuca os outros. A divindade personificada. Quando ela morrer, Satã a tomará como esposa. - Você deixou de me amar há muito tempo. Se é que me amou.
- Respeito?
- Está aí, uma resposta que eu acredito.
Ele estava certo. Ela não o amava, não mais. Porém já foi perdidamente apaixonada por aquele louco. Aquele gênio. Sim, ele era talentoso, sedutor, magnífico. O que não explica o fato de ele ter permanecido-se fiel por dez anos. Escrevia, pensava e falava como um artista. Afinal, era o que ele era. Ela sabia que, quando morresse, seu marido iria virar uma lenda, acompanharia Shakespeare.
- Vai pedir o divórcio?
- Você vai?
- Não.
- Nem eu.
- Por que não?
- Ao contrário de você, minha cara. Eu realmente te amo. E você? Porque não pede? Sabe que pago pensão com prazer.
- Você sabe o porquê.
- Não, não mais. Você mudou demais. Não consegui acompanhar.
- Não gosto de ficar sozinha.
- Então porque parou de ter amantes?
- Porque... Eu posso não te amar. Mas te idolatro. E cansei de garotos. Senti saudades de um nível intelectual alto. Você me acostumou à isso.
- Compre meus livros. Assista ao meu programa. Seja mais uma fã.
- Gosto de saber seus segredos.
- Por quê?
- Como toda fã, quero saber tudo sobre meu ídolo.
Porém não na vida amorosa.
Tão compenetrado na composição, nem viu ou fingiu não ver que sua esposa o observava, com orgulho, pena e culpa. Para àquela mulher se sentir culpada, é porque ela fez algo muito ruim.
- Cada vez que te vejo, você toca melhor, sabia querido?
- Não te ouvi aí. - Ele respondeu, de costas.
- Não quis te interromper.
- Terminou com eles?
- Sim.
- Todos?
- Mm-hm.
- Até o Lúcio?
Ela hesitou. Respirou fundo. Mas confirmou.
Ele voltou a tocar. Uma melodia lenta, triste. Porém complexa. Ela entendeu aquilo como um reflexo de si mesma. Se sentiu lisonjeada.
- Por que terminou com ele?
- Porque eu te amo...
- Não minta pra mim. - Virou-se para ela, e pela primeira vez em duas semanas, olhou a esposa. Se lembrou de ter se apaixonado por ela. Alta, esguia, olhos profundos, agudos. O rosto de quem sabe das coisas. A personalidade de quem machuca os outros. A divindade personificada. Quando ela morrer, Satã a tomará como esposa. - Você deixou de me amar há muito tempo. Se é que me amou.
- Respeito?
- Está aí, uma resposta que eu acredito.
Ele estava certo. Ela não o amava, não mais. Porém já foi perdidamente apaixonada por aquele louco. Aquele gênio. Sim, ele era talentoso, sedutor, magnífico. O que não explica o fato de ele ter permanecido-se fiel por dez anos. Escrevia, pensava e falava como um artista. Afinal, era o que ele era. Ela sabia que, quando morresse, seu marido iria virar uma lenda, acompanharia Shakespeare.
- Vai pedir o divórcio?
- Você vai?
- Não.
- Nem eu.
- Por que não?
- Ao contrário de você, minha cara. Eu realmente te amo. E você? Porque não pede? Sabe que pago pensão com prazer.
- Você sabe o porquê.
- Não, não mais. Você mudou demais. Não consegui acompanhar.
- Não gosto de ficar sozinha.
- Então porque parou de ter amantes?
- Porque... Eu posso não te amar. Mas te idolatro. E cansei de garotos. Senti saudades de um nível intelectual alto. Você me acostumou à isso.
- Compre meus livros. Assista ao meu programa. Seja mais uma fã.
- Gosto de saber seus segredos.
- Por quê?
- Como toda fã, quero saber tudo sobre meu ídolo.
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