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Treze horas de abstinência

 A questão não era ver ela. Eu queria, afinal, estava namorando a garota. O problema era viajar.
 Sempre gostei de aeroportos, era a única coisa que eu gostava quando ela tinha que ir para casa. Deixá-la no aeroporto. E eu  passeava, comia pão-de-queijo e via as coisas caras e importadas.
 Mas quando eu tinha que viajar, a história era diferente. Principalmente agora que ela estava na Austrália. Entendo querer fazer engenharia ambiental, e ter conseguido emprego em um ótima empresa, mas tinha que ser do outro lado do mundo, porra? Treze horas na merda de um avião. Pra pedir ela em casamento.
 Claro que oitava hora de voo mudei de ideia.
 Sentia falta da porra do cigarro.
 Tentei dormi, não conseguia. Virava de lado, e uma senhora, me encarava como se eu fosse satã personificado. É claro que o meu visual ao estilo Keanu Reeves em Constantine não ajudou, mas que se dane. Eu parecia com o cara. Meio caricato, mas um ator foda. Digo, ele era o Neo. Certo que a Clara lembrava-se dele por O Drácula de Bram Stoker, mas só porque ela é uma garota. E o Vlad Tepes sexy, segundo ela.
 Então as malditas horas passaram. Fui até a casa dela, terceira vez que ia para lá em dois meses.
 O que falar sobre Clara? Se eu era o maltido Keanu, ela era a Rachel Weizs. Não em Constantine, mas em A Múmia. Parte um. Não esquelética e estranha que nem na parte dois.
 E então, ela me recebeu. Vestia uma camisa minha. Estava dormindo, afinal, o que mais ela fazia da vida?
 Foi a cena fofa de sempre. Ela pulou em mim, me beijou, porém uma coisa foi inesperada. Transamos na cozinha.
 E no meio do sexo, ela se sentou em cima da minha jaqueta e sentiu a caixinha.
 E a viu.
 Tinha um anel com um diamante, coisa boba.
 Perdi uma ereção, porém ganhei uma noiva. 

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