O garoto corria em direção sua casa. O sobrado amplo e cor de creme que ele tanto conhecia. O rosto começando a inchar da surra. Chegando em casa, abriu o portão e deparou-se com a vó.
- Pra quê tanta pressa menino?
- Preciso falar com o pai. - Esse respondeu, chorando enquanto punha a mão no rosto pra tentar esconder o inchaço. A vó respirou fundo e deu de ombros.
- Não deixa a sua mãe te ver assim que ela fica preocupada.
O garoto assentiu com um gesto da cabeça e entrou em casa, e seguiu direto para o escritório do pai. Um bolero tocava. E lá estava ele. Aquela figura admirável. Cabelos penteados, barba cerrada. O celular na mão, sorriso nos lábios e uma ereção entre as pernas. O quê deixou o garoto confuso. Sua mãe estava dormindo. Ele checara.
Esguio no lado da porta, o menino não ousou entrar enquanto o pai não colocasse o Iphone na mesa. Isto feito, ele bateu na porta, e engolindo as lágrimas entrou.
- Por que chora garoto? - Perguntou o pai, ríspido, tirando o terno.
- Bateram em mim na escola.
- Você aprontou?
- Não.
- Então, por que a professora bateu em você? - Ele diz, dando de ombros e se servindo de Gin.
- Não foi ela... Foi um garoto.
E então, o pai empalidece. Vira o copo tira o cinto e olha para o filho, sério e incrédulo.
- Bateu nele de volta?
- Não... Ele era mais forte maior que eu pai...
Não terminou a frase e já começou a berrar de dor. O pai lhe batera. Uma. Duas. Três. Quatro vezes. Possesso de raiva e humilhação. Envergonhado desse traste de filho. Romântico e afeminado. Aquilo não era homem. Era uma lésbica. Isso tinha que mudar. Não podia mais ser essa garota.
- Da próxima vez que você apanhar e não revidar. Não me procure. Filho meu não leva desaforo pra casa, que leva em triplo. Somente hoje, irei te dar um presente. Vá para o carro. Não fale nada pra sua mãe ou sua vó.
- E pros meus irmãos?
- Provavelmente encontraremos eles lá.
E então se dirigiram para o bordel de dona Anna.
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