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Édipo, Freud e Licor.

"Uma ducha fria. É isso o que preciso. Só isso vai tirar esse calor." 
 Roberto se concentrou nisso o caminho todo até chegar em sua casa. Subiu as escadas correndo, esqueceu-se do elevador, entrou no apartamento, ligou o chuveiro, despiu-se e sentou no chão. Quase gritou de frustração ao ver que ainda tinha uma ereção entre as pernas. Aliviou-se. Sentiu a culpa após perceber que havia pensado nela de novo. 
 Não era normal. Era doentio. Aqueles cabelos castanhos, tingidos. O corpo modelado por cirurgia. Olhos aguçados. Vinte anos mais velha que ele. Escritora de livros adultos. Presa três vezes por posse de drogas e prostituição. Sua mãe era tudo, menos um exemplo freudiano. 
 Deu de ombros, abriu uma garrafa de licor que há muito tinha jogada no armário da cozinha. Embebedou-se. Ligou para uma prostituta qualquer, pedindo que tivesse uma fantasia de empregada. Afinal, era aquela a imagem tradicional de uma mulher. Seria bom um fetiche que não fosse completamente bizarro para variar. 
 Quinze minutos depois a puta entrou. Ele estava no quarto, quando aquele perfume familiar chegou as suas narinas. 
- O quê vai querer hoje, querido?
- O melhor que você tem à me oferecer, mamãe.
 Dizendo isso, beijou-a e pensou que com certeza faria faculdade de psicologia. 

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