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Doce amiga

 As lágrimas congelavam quase que instantaneamente em seu rosto, ela se encolhia nas frestas entre as casas e corria, não se atrevia olhar para trás. Sempre silenciosa e tremendo. Cada passo que ouvia ela se encolhia mais. Tentava vestir-se melhor com o que restou de suas roupas. Mordeu o lábio para não chorar alto. Mordeu mais forte. Mais forte. Sangue correu pelo seu queixo e pintou de rubro a neve branca do chão. Sua sandália rasgou. Ela caiu. Já não conseguia mais evitar. Soluçava alto. Não conseguia respirar direito. Seus membros doíam. Ela doía. A neve congelava seus ombros e quase a anestesiava quando se lembrava do que havia passado. Três homens. A dor. A humilhação. O ar erótico. Não conseguia mais. Fechou os olhos. Apertou-os bem, do mesmo jeito que havia feito no balcão. Apertou-os e aguardou pela morte. Sorriu. Morreu Sorrindo.

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